25 de Abril de 1974!
Da saudade da explosão de alegria
naquela data que vivi em 1974, para a angustiante realidade do 25 de Abril de
2021. Já lá vão 47 anos.
Muitas conquistas, muitas emoções,
muitas acções que beneficiaram o nosso Povo e a Liberdade desse mesmo Povo que em
tempos foi grande, sempre num País pequeno!
Mentiria se dissesse que Portugal
não está melhor; claro que está! Quem disser o contrário, está enganado. Basta
um olhar em redor e sentir o pulsar de uma nova realidade! O peso da idade, a
prática do que vejo e sinto, da vida já vivida e tudo aquilo que conheço tanto
em Portugal como no estrangeiro dão-me essa garantia que Portugal melhorou
muito.
Reduziu-se muita miséria,
melhoraram-se os serviços de Estado, as infraestruturas, o ensino, a saúde, as
vias de comunicação, a segurança das pessoas, a liberdade de movimentação, o
fim da Guerra Colonial, deixámos a macambuzice e os xailes negros, optámos por
mais alegria, etc, etc.
Mas não se chegou a melhorar o
sentido de cidadania e responsabilidade na formação das pessoas e na partilha
perante o tanto que se ganhou! Ou antes; uns poucos ganharam não só aquilo a
que tinham direito, como juntaram o que pertencia à grande maioria, por
direito.
De arrasto e mais nestes últimos
dez anos, começaram a surgir as desilusões, as mentiras, as traições, as
corrupções, as nostalgias, alguns momentos de revolta, a seu tempo contidos,
perante as injustiças de quem nos quis vender “democracia” como se vendesse
pacotes de castanha assada, esquecendo-se de nos deixar viver e mostrar o que é
viver a Democracia.
A pobreza, mesmo com as centenas
de milhar de milhão de Euros provenientes da EU, não foi erradicada como seria
nossa obrigação e tal como sempre nos prometeram nas campanhas eleitorais. Vai-se
aceitando essa realidade com um olhar para o lado e vão-se acentuando as
diferenças sociais; os pobres cada vez mais pobres, os ricos, incomparavelmente
menos em quantidade, cada vez mais ricos.
Com o advento da Pandemia divergências
e desenganos vieram piorar e fazer emergir à tona de água o crime dessas
desigualdades! Os embustes apareceram quase de surpresa. Uma casta de gente pouco
aconselhável apossou-se do poder. Bem sei que por meio do voto. Mas, e o que
vale o voto se após eleições se impõe soluções a belo prazer com “soluções” cada
vez mais restritivas?
A “subida” ao Olimpo dos boys
“licenciados” em manhosos cursos de pomposa nomeação de Estudos Europeus é o
sinal de que o sistema do Partido (s) pretende estar acima de tudo e da Lei.
A vida da juventude de hoje é
quase virtual e não se prevê um futuro brilhante. Os mesmos partidos criaram e
guiaram os seus girinos e gambuzinos “licenciados” manhosos, incompetentes e ineficientes
para os lugares de gestão de serviços do Estado.
O tecido industrial do País foi
destruído, delapidado em cerca de 25 anos (é obra, caraças!!!). Tudo o que se
produz hoje é de origem exterior ou no máximo de montagem nacional; pouco ou nada
é Made in Portugal.
Fazem-nos acreditar em unicórnios
e arcos iris de cores manhosas e mal de nós se não os aceitarmos; pois o
epíteto com que somos designados recuso-me a repeti-lo aqui: já toda a gente
sabe qual é.
O aparecimento de novas censuras,
impostas inclusive pelos media, presos caninamente às mesas dos Seus Senhores,
esperando destes as migalhas que lhes atiram para se calarem ou mentirem, são simplesmente
escandalosas assim como o advento de neo inquisições que julgarão quem tem
coragem de dizer Não!
É a Nova Ordem a inversora
paradoxal do sistema político e que leva a que agora é o conservadorismo que se
proclama revolucionário e que tenta reverter a situação perante o
descontentamento popular, enquanto os adeptos do “progressismo” e daquilo a que
chamam hoje de “esquerda” (e que nada tem a ver com a Esquerda) passa a ser
apenas a manutenção dos direitos adquiridos, dos ideais de moralidade e
princípios duvidosos e estranhíssimos “esquecimentos” sobre o que é a realidade
das lutas laborais.
É perante esta situação que
convém alertar para a existência cada vez maior de alguém ou de alguns prontos
a avançar, a ganhar e a tirar dividendos de eventuais atitudes de desespero e
desilusão popular! E quem perde com isso? É o nosso País!
Mesmo assim e de algum modo
angustiado com as últimas cenas de divisão extremada que se sente na sociedade
do nosso País, espero ardentemente que neste dia 25 de Abril, ao menos reconheçamos
que só unidos poderemos ultrapassar esta fase e que a Festa seja a Festa do
Povo, de todos e não só de alguns que teimam em se assenhorearem daquilo que
não é só deles!
25 de Abril sempre.