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Era o ano de 1974 quando as visitei pela primeira vez onde conheci aquela que hoje é a minha mulher.
Ali tenho vivido as alegrias e tristezas naturais de uma família que, a partir da altura em que me casei, a tomei como minha para o que desse e viesse.
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Casas dos "Brasileiros", assim se chamava, pelo facto dos bisavós e avós da minha mulher terem vindo do Brasil nas décadas de 10/20 e construirem duas casas iguais, uma ao lado da outra.
Hoje são o ex-libris da vila do Lordelo situada entre Paços de Ferreira e Paredes.
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Encanta-me o isolamento dos seus muros que me separa do meio de uma terra feia, desorganizada, cinzenta e triste, onde a degradação provocada por uma construção civil de pavoroso e criminoso mau gosto a tem destruido ano após ano.
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Quando posso e tenho tempo, saio de Lisboa e delicio-me num dos quartos de uma das duas casas, no alto de uma das torres, a observar aquele pequeno universo, a arquitectura dos anos 10/20, os seus azulejos, o jardim que as mãos das tias octogenárias tão carinhosamente ainda cuidam, a sua longa escadaria de pedra, as colunas e capiteis, o tanque onde ainda corre, proveniente de uma velha mina, a água que alimenta toda a pequena quinta, as flores, as vinhas, toda aquela atmosfera queirosiana que me encanta.
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Tento alhear-me do crime cometido (sempre perdoado) por poderes autárquicos corruptos e duvidosos que ao longo das ultimas décadas, mesmo nas margens do rio Ferreira, impuseram e edificaram autênticos pardeeiros habitacionais dignos de uma verdadeira condição terceiro mundista que este País abraçou que tanto gosta e preza.
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Quedo-me pelos doces lugares que um dia vão desaparecer, para daqui a muitos anos alguem (tal como hoje com fins unicamente mercantilistas, claro está) faça un livro intitulado "Nas margens do Rio Ferreira - Início do século XXI".
Mas nessa altura quem cá estiver que se............... contente com o que resta!!!
5 comentários:
Olá Sr. Guilherme!
Bem, parece ser um pequeno paraíso!!... onde o cheiro da terra pura ainda se vai sentindo... e apesar do caos urbanístico, ainda se sente a purezas das suas gentes bem como os usos e costumes que as mesmas teimosamente (e ainda bem) não deixam morrer.
Beijinhos com carinho
Olá Senhor Guilherme.
Eu sou Lordelense, estou fora desde 1982, e verifico que excedeu nas palavras falando de Lordelo Paredes.
E verdade que as Casas Altas, dos Brasileiros, ou dos Silvas, junto á Igreja de Lordelo é algo que chama atenção quanto ao seu estilo.
Mas convido a passar por lá, e verifique que ouve alguma alteração na Vila de Lordelo.
Pois quando chegar essa altura de fazer uma visita, não vai ver assim tão feia como parece.
Meus cumprimentos..
realmente a cidade de Lordelo esta cada vez mais bonita ja dá gosto visitar. as casas altas são e serão sempre a sala de visitas de lordelo. claudia Moreira bisneta de Antonio Silva Moreira
Olá, muito me alegra ver esse blog. Sou do Brasil - Rio de Janeiro e meu bisavô Antônio Gonçalves da Silva foi o mestre de obras (engenheiro-arquiteto) da construção dos Palacetes que pela sua beleza e originalidade não me canso de admirar. Ele teve 10 filhos. Entre eles Joaquim, meu avô, Maria e Carolina que casaram com os irmãos Moreira (Arnaldo Moreira da Silva e Antônio Silva Moreira) que eram os donos das Casas.
Minha tia Maria de Lourdes nasceu em 1927, no Palacete da tia Maria.
Um abraço à todos
É de facto um privilegio, numa terra tão" cinzenta e desorganizada", ver "As Casas Altas", que desde pequenina tanto fascínio me causam. De uma arquitetura lindíssima e com muita história pelo meio. Desde sempre tive muita curiosidade em conhecer estas casas e um pouco da sua historia.
Obrigada pela partilha!
Madalena Magalhães ( Rebordosa )
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