Os Escandinavos e as cadeiras
Já lá vão uns bons meses que não escrevo.
Digamos que entrei numa fase conturbada e introspectiva sobre a análise que faço da política portuguesa e internacional nestes dias que correm.
Tudo me parece de repente nascido sob a tutela do embuste, da mentira.
Confesso que estou bastante triste, confuso e, pior ainda, algo indignado com situações que jamais deveriam acontecer com a minha Esquerda. Não a do PS, pois essa nunca me enganou já lá vão 41 anos e sempre os abominei!
Enfim!
Mas gostaria de vos contar uma história que se passou hoje entre mim e um amigo, cubano profundamente castrista, a trabalhar como personal trainee (não meu, adianto já) num ginásio bem conhecido aqui próximo do sítio onde vivo.
Após o treino, estávamos sentados à mesa do restaurante do clube, ambos a beber um café e a falarmos sobre os problemas económicos deste triste rectângulo, das novas relações Cuba/EUA (para mim coisa difícil de engolir), sobre o Chile e a Argentina, este último o meu país preferido da Sul América, quando se sentaram ao nosso lado uma lindíssima família Escandinava (Pai, Mãe, duas filhas, não sei se Suecos, Noruegueses ou até Dinamarqueses).
Tanto a mãe como as filhas eram lindíssimas, um pai bem parecido, todos altos, louros e extremamente simpáticos.
Olharam para nós e cumprimentaram-nos num interessante Português escandinavisado, direi eu que nada conheço de tais idiomas, acompanhado de um sorriso largo e sincero!
Após alguns momentos de conversa entre eles e os funcionários do clube que indirectamente escutámos, de tomarem os seus sumos de fruta e comerem os seus yogurtes, suavemente levantaram-se, calmamente despediram-se e.............arrumaram meticulosamente as suas cadeiras sob a mesa que ocupavam, coisa que qualquer um de nós jamais faria.
(Vá lá, não me venham agora dizer que é hábito fazerem. Pelo menos até hoje não acredito que o tenham feito).
Discretamente virei-me para o meu amigo cubano e disse-lhe;
- Vês a diferença? Vês agora porque é que eles vão ser sempre mais evoluídos do que nós? Admites agora porque razão é que eles estão fartos de contribuir para melhorar as nossas vidas aqui no Sul da Europa sem resultados concretos ao fim deste tempo todo?
Ao qual ele me respondeu naquele seu Português castelhanisado com a maravilhosa pronúncia cubana e com a mistura de sangue latino que lhe corre nas veias;
- Sim, é verdade. É nestas pequenas coisas que eu compreendo qual a razão de eles se oporem a continuar a contribuir para os países do Sul do continente onde vives.
E o problema é que nós Cubanos, sofremos do mesmo mal e os responsáveis foram vocês, aqui da Península.
Paguei as duas bicas e saí. Mas primeiro arrumámos as cadeiras debaixo da mesa. Tal como fizeram os Escandinavos!
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