Transplantes de Maio



Numa altura que a minha vida está em fase de mudança importante, qualquer recordação, data ou momento marcante dos últimos 33 anos me faz rever com tristeza e nostalgia tudo aquilo que gostaria e aspirei como cidadão deste País após o 25 de Abril de 1974.
Neste dia 1º de Maio de 2007 assisti a um programa sobre transplantes de órgãos humanos (pulmões) num canal de uma estação de TV. Soube que muitos compatriotas meus por não encontrarem no seu País cura para os seus males, vão adquirir na nossa vizinha Espanha os bálsamos que tentam diminuir os seus sofrimentos.
Isto após 33 anos do 25 de Abril, 33 anos após o maior e o melhor de todos os 1º de Maio que alguma vez passou por Portugal.
33 anos, é muito tempo e tem muito para se fazer muita coisa!!! Bastava só o essencial.
Todos os doentes entrevistados são unânimes em afirmar que após os cuidados e carinhos que receberam dos “nuestros hermanos”, trocariam de boa vontade estas tão madrastas terras Lusitanas, por essa doce Espanha que nos oferece o privilégio de fazer fronteira connosco, que nos acolhe e que nos abre a porta do desenvolvimento económico e da Europa, que nos fornece aquilo que por maldade, ganância, preguiça, estupidez e desprezo bem lusitanos nos obriga a pedir ajuda a quem injustamente e seguramente por inveja, desprezamos e não queremos admitir ser muito melhor do que nós.
Após 33 anos de uma revolução anestesiada à nascença tornámo-nos nuns autênticos clones anormais (olhe-se à volta).
Não me orgulho por tão pouco: por estar na cauda do desenvolvimento económico, por ter um sistema de ensino que licencia abortos e acéfalos, por uma justiça terrorista, por uma imprensa cobarde, estúpida e vendida, por políticos miseravelmente incompetentes, etc, etc, etc!!
Não me contento com ténues e passageiras alegrias futebolísticas.
Já me dói ver o que de melhor existe em termos de investigação científica ter de emigrar para poder desenvolver os seus conhecimentos.
Portugal para mim tem sido nestes últimos tempos o meu castigo, o meu síndroma de tristeza o meu desinteresse como cidadão e contribuinte para tudo aquilo que me é adverso e que nem vejo, porque não existe!
Só teríamos a ganhar se nos fizessem uns transplantes completos para deixarmos de ser estes únicos humanóides da Europa com reminiscências de Neandertal.
Para mim não é necessário, não percam tempo: até sei falar Castelhano!

1 comentário:

Unknown disse...

Sabes que não gosto de "espanholes", mas tenho de concordar contigo em muita coisa em relação aos ditos.
Quanto ao primeiro 1ºde Maio, não tenho palavras para o descrever, mas de uma coisa me lembro, foi a única vez que senti que Portugal era capaz de ser o Mundo, enganei me, não passamos de uma aldeia. Um abraço e obrigado

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