MILO

Ontem ditadores, hoje após a sua morte admirados, amanhã heróis!
A reacção dos Sérvios à morte de Milosevic e a estupefacção dos Ocidentais perante essa reacção é, no meu ponto de vista, algo admirável.
Vai seguramente suscitar as mais apaixonadas discussões e pareceres e vão-se ouvir muitos “entendidos” tentar explicar algo que é evidente mas que perdeu significado no Ocidente; a ideia de nacionalismo.

Ontem ouvi e vi na TV (um canal português) um apresentador afirmar que não entendia “como é que é possível a Sérvia sentir tão profundamente a morte de Milo”.
Tendo ele sido um ditador, o principal lobo dos Balcãs e responsável pela morte de tantos membros de diferentes etnias Jugoslavas, pensar-se-ia que após a sua morte o assunto ficasse arrumado e que o esquecimento fosse o mais natural dos resultados. Ponto final!

Pois é. Só que pelo andar da carruagem e pelas reacções verificadas, uma ideia dessas vai seguramente contra a realidade dos sentimentos Sérvios. Mesmo sendo, como se diz no Ocidente, um criminoso, um assassino, era acima de tudo para a Sérvia, e são eles que dizem bem alto para quem quiser ouvir, um Sérvio.

Era um “slovo”, era um “deles”. E se todos nós temos direito aos nossos anjos bons temos também direito aos nossos anjos maus. Serão para nós sempre os nossos anjos.
Recordo-me do funeral de Salazar e da imensa mole humana de Portugueses que o acompanhou à sua última morada. Mesmo que não se gostasse dele, fez história e vincou durante muito tempo a nossa maneira de ser e de tal modo que hoje ainda a estamos a pagar.

Perante toda esta situação, o Tribunal Penal Internacional de Haia que seguramente não sabe o significado de patriotismo, camaradagem e companheirismo (também não foi criado para isso) sente-se comprometido perante dois problemas: primeiro justificar a morte espontânea de Milo (e quem vai acreditar no que eles dizem?) e depois perceber como é que dezenas de milhar de Sérvios acompanham o “tenebroso Milosevic” à sua última morada e agir em conformidade perante os queixosos.

O facto de um “O ultimo adeus ao nosso companheiro de luta” ter sido reconhecido por um general Croata (Ante Gotovina) antigo adversário das guerras Balcânicas que puseram frente a frente irmãos Croatas contra Sérvios, fala por si.

Saudações

2 comentários:

Isabel Da Rocha disse...

"Ninguém morde a mão que lhe dá de comer".

Como verdade universal que é, deveríamos não esquecê-la, pois ela é a única que pode verdadeiramente explicar a nossa História!

PS- Parabéns pelo blogue, Papi!

UTokLismo disse...

Neste, tambem concordo, estou a perder qualidades, ou a ficar velho... socorro...

Para desespero de muitos,......!!

  Para desespero de muitos, ranger de dentes até sangrar de outros, rasgar de vestes de mais uns quantos girinos afeminados, de bater as cab...

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