Sevdah - Saudade
Corto Maltese
“Os Balcãs são a circunavegação mediterrânea de uma palavra árabe, "Sevdah ", que significa "melancolia negra", a grande mãe das oscilações de humor, da nostalgia e do encantamento, palavra que com o exército islâmico chega à península ibérica e se hibridiza com o latim tornando-se "Saudade" [...];
Os Balcãs
são o chocalhar de um trem no inverno que, após cruzar o rio da Europa por uma
longa ponte de ferro, entra na Bulgária, em busca das montanhas em meio a
paredões de neve.
Os Balcãs
são também o Bósforo com neve, quando o desfiladeiro se transforma num fiorde
norueguês, no meio aos gritos dos muezins e do uivo agudo do vento; “eu sou o
vento norte varrendo a ponte Galata”, e um velho que, nas ruas estreitas do
morro de Pera, sem dizer uma palavra te entrega um chá de cor âmbar porque
entendeu que você está com frio [...];
Aqui, estes
são os Balcãs para mim. E perdoem-me se eu não falei sobre guerras e secessões,
mas sobre notas bastardas, vozes e frequências que rompem as fronteiras,
ignoram vistos, passaportes e línguas, para irem directos ao coração dos homens.
"
Paolo Rumiz,
de “Os Balcãs. Notas bastardas que falam ao coração do homem”.
Senti que era melhor retirar-me,.............!!!!
"Senti que era melhor retirar-me da prova e trabalhar na minha saúde mental. (…) Não quis sacrificar uma medalha pelos meus problemas. Estas miúdas trabalharam demasiado, por isso decidi que deviam continuar e terminar a competição”, explicou Simone Biles.
Surpresa das surpresas; consta que a "menina" padece, coitadinha dela, de distúrbios, segundo dizem espectadores, usuais imbecis jornalistas e outros girinos afetos, profundamente solidários e até choramingosos...!!
Ninguém me diz a mim que a "pequena" sentiu que não se aguentava nas canetas perante as Russas, que, c´os diabos, acabaram por ganhar o ouro!
Quase aposto que lhe assobiaram aos ouvidos (ou deram-lhe algum por fora para ajudar na desistência) e resguardou-se recatada e serenamente para a segunda volta, modalidades independentes e isoladas, com o fim de demonstrar em toda a sua plenitude, o que vale!
Sim porque isto de jogar em equipa não irá fazer sobressair o poder da raça e as outras que são brancas e chinocas que se desenrasquem!
Que diria o Dr. Ba perante esta atitude tão racista?
Vamos aguardar com serenidade pelos próximos episódios deste folhetim de uns JO que seguramente não vão ficar para a história.
France em Julho de 2021
Otelo
Otelo!
Vi-o, apenas o vi, em amena conversa com camaradas militares, a uns poucos metros de mim, no Quartel General em Santa Luzia-Bissau, na então Guiné Portuguesa, hoje Guiné Bissau! Estamos a falar no início da década dos anos 70!
Na altura não dei qualquer importância a tal personagem a não ser "bater-lhe uma palada", vulgo continência, dado ele ser um Oficial Superior do Exército Português.
Jamais me passou pela cabeça, no 25 de Abril de 74 em Lisboa, que este senhor seria um dos cérebros do organismo militar responsável pelo levantamento do Movimento das Forças Armadas que destituiu o Governo de Marcelo Caetano e iniciaria a viragem do nosso País rumo a um Governo Parlamentarista de carácter democrático.
Se Melo Antunes foi o Top desse Movimento libertador, Otelo Saraiva de Carvalho teria sido o cérebro da intervenção militar como comandante supremo do COPCON! Tinha o País na mão porque tinha a força das armas!
Ao longo da sua posterior carreira, sempre foi uma pessoa que me fascinou; pela sua inconstância de carácter muitas vezes perigosa, pela sua desenvoltura na comunicação, pelas suas simpatias com movimentos a tocar um anarquismo proudhouniano ou bakuniniano que qualquer jovem como eu era na altura, absorvia às escondidas através dos livros proibidos trocados às escondidas na messe de oficiais e sargentos da Santa Luzia em Bissau!
Assustou-me a sua atitude quando se provou que directa ou indirectamente estaria ligado às FP 25 de Abril, dito grupo terrorista de cariz anarquista.
Assustou-me pelos atentados daquela organização terrorista, pela previsão, felizmente travada, de que Portugal iria entrar numa espiral revolucionária violenta em que iria colocar irmãos contra irmãos, destroçar famílias, corromper pessoas, fabricar criminosos e implodir um País pobre, historicamente sempre de mão estendida às caridades internacionais.
Otelo morreu!
Se me perguntarem quais são os meus sentimentos sobre o seu desaparecimento, ainda hoje não estou seguro se o admirava ou se me assustava.
Acabou-se, com a sua morte a fase de um País que, em parte todos aqueles que viveram a alegria do 25 de Abril de 74 e esperavam transformar Portugal num País melhor, debatem-se hoje com muitos desenganos, traições, canalhices, falta de escrúpulos de políticos bem nossos conhecidos e que se "orientaram" durante o tempo que por cá andaram (alguns ainda por cá andam), o embrutecimento media de um Povo e muitas outras acções que infelizmente nada beneficiam o nosso País e o mantem na cauda da Europa e de muitos países no Mundo.
Otelo foi contraditório no seu ser? Talvez por isso fascinante.
Ficará seguramente para a História de Portugal, História essa que não pode nem deve ser sempre e só de feitos bons e "fofinhos" como as amaldiçoadas "novas eras e ondas da moda" nos querem fazer crer, alienar e impor!
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