11 NOVEMBRO 1918. NUMA REGIÃO DA ALEMANHA

Esta é uma tradução minha do Italiano para Português de um artigo do Croni Storia, Storia Contemporanea, Grande Guerra que eu respeitosamente tomei a liberdade de colocar no meu blog.
Vale a pena ler até ao fim e ....... meditar, mas com inteligência, interesse e sem as chamadas "segundas intenções", tão normais nesta época do odioso "politicamente correcto".
Espero que gostem e avaliem como o meu italiano está em alta!!!


11 NOVEMBRO 1918. NUMA REGIÃO DA ALEMANHA

Recordemos o dia do fim da grande Guerra propondo um imaginário e provocatório diálogo entre um hipotético representante da Alemanha do II Reich (G) e um outro hipotético espectador neutral (N) no dia imediatamente a seguir à assinatura do Armistício de 11 de Novembro de 1918.

(N)- A guerra acabou hoje. E vocês alemães perderam.

(G)- Sim, acabou hoje. Mas nós não a perdemos, digamos antes que não fomos reconhecidos como vencedores …

(N)- Bah, ainda agora foi assinado o armistício e vocês já estão a levar tudo ao extremo …

(G)- Até agora, pudemos resistir e lutar. E fizemo-lo sem problemas. Mas uma coisa é levar-nos de volta às nossas fronteiras, a outra é vocês saberem que foram invadidos. Dessa não se conseguem livrar.

(N)- Não acredito que seja só isso. Mas então por que razão é que vocês desistiram? Se possuíam ainda tantos recursos, não foi precipitação da vossa parte renderem-se?

(G)- Evidentemente, com a expulsão do Kaiser (inaudito!) foi formado um Governa não à altura (e não usarei outro termo inconveniente), que jogou simplesmente nos interesses da Entente Aliada em vez de defender os interesses dos Alemães.

(N)- Dá-me a ideia que está a exagerar, ou simplesmente não toma conta das condições em que vocês estavam. Um exército em declínio e uma marinha amotinada …

(G)- Isso eram episódios isolados! O mesmo aconteceu no campo da vossa Entente Aliada. Mais! Muito mais no vosso lado! A ordem foi estabelecida à pressa. A nossa superioridade em homens e meios seria suficiente para ultrapassar inclusive essa situação. Mas foi preferido e escolhido renunciar a tudo.

(N)- Mah … creio que a única renuncia que vos é reconhecida, foi devido à fome, que vos atormentava a todos, forças armadas e população civil.

(G)- É verdade, renderam-se à fome, e aos chamados campeões da liberdade e democracia. Mas já lhe disse que nós Alemães superaremos isto e o que vier futuramente. Conseguimos comer só nabos durante um ano e continuaríamos a fazê-lo se necessário fosse. Os Ingleses jamais nos meteram medo. Os nossos heroicos rapazes sabiam estar prontos, como sempre.

(N)- Um pouco mais de tempo, e os vossos rapazes seriam corridos ou presos pelos Ingleses. Nunca pensou que esta ideia de fazer guerra foi uma escolha desastrada da vossa parte?

(G)- Mas foram vocês que declararam a guerra contra nós! Nós nunca quisemos uma guerra contra vocês.

(N)- Beh, que afirmação tão despropositada. Não foram vocês que invadiram a Bélgica, cometeram crimes contra civis, mesmo sendo um País neutro, declarando que os tratados não são mais do que “pedaços de papel”?

(G)- Cá está a usual propaganda Ocidental. Nenhum crime foi cometido na Bélgica. Eles obviamente souberam intervir em todos os casos para ajudarem os seus amiguinhos franceses. É obsessão deles, há decénios, sentirem-se bem numa posição de subalternização aos franceses, não obstante a nossa evidente superioridade.

(N)- Mas de facto a vossa superioridade industrial não era superior à deles?

(G)- Certo! Mas nós não nos podíamos contentar só com esse ideia. O nosso povo, a nossa cultura, o nosso civismo e civilização, mereciam bem outro objectivo. As nossas Forças Armadas portaram-se como se esperava e era seu dever
(N)- E qual era?

(G)- O Mundo!

(N)- Isso é surrealista. Pois as vossas Forças Armadas, não obstante o seu poder e toda a sua força, nunca tiveram a possibilidade de se confrontar de igual para igual com a Inglesa. Isso ficou já provado em terra como no mar que as coisas não correram bem para vocês. Não acha exagerado continuar com essa sua ideia de superioridade?

(G)- Não, absolutamente não. Vê-se que não conhece a realidade dos factos. O destino da Alemanha não pode ser este tão pequeno.

(N)- Permita-me não concordar de modo algum consigo, um representante de um País derrotado militarmente por excelência, que se entregou há poucas horas faz.

(G)- Já lhe tinha dito anteriormente que os nossos políticos fizeram uma escolha apressada e irresponsável. Ludendorff e von Hindenburg triunfaram militarmente na frente Ocidental, do mesmo modo que fizemos aos Russos e ao seu patético exército a Oriente.

(N)- Esta agora, vejo que mudou de ideias? Mas não tinha dito que a finalidade era só resistir junto das fronteiras? Sinceramente não o entendo. De qualquer maneira, voltando à Rússia, tiveram a ajuda de Lenine para vos ajudar e mesmo provocar uma possível revolução naquele grande País. Não lhe causa angústia este facto? Até na Alemanha se fala em revolução.

(G)- Resistimos até ao fim. Lá forçamo-los a renunciar devido ao desgaste. Uma revolução na Alemanha? Isso é impossível. O Armistício é já uma grande desonra que nos toca a todos como alemães, jamais chegámos assim tão baixo.

(N)- Fala-me em desgaste? Como von Falkenhayn em Verdun? Adiante. E aquela da revolução lembra uma hipótese concreta.

(G)- Não existirá nenhuma revolução na Alemanha, garanto-lhe. Não somos a Rússia.

(N)- Nem mesmo à França forão capazes de se superiorizar. O vosso exército estava acabado e travado a poucos quilómetros de Paris. Nem conseguiram avançar mais, a custo de perdidas de vidas escandalosas.

(G)- Os franceses foram salvos única e exclusivamente pela ajuda dos Americanos. Toda a gente sabe disso, não finja que não percebeu esse facto. Para além disso forneceram-lhes sempre alimentação, combustível e equipamentos. Posteriormente até homens lhes forneceram.
(N)- Os Americanos tiveram o seu grande e decisivo peso nesta vitória militar, não posso deixar de concordar consigo. Mas como você diz, eles só intervieram no campo de batalha em 1917, e os Franceses já vos tinham travado em Marna e Verdun.

(G)- Admito. Ficaram surpreendidos. A resistência durou todo aquele ano, acima de tudo a sua obstinação em ver morrer a sua geração a Verdun, para que não cedessem, foi uma atitude incrível e humilhante. Mas estavam esgotados. Ter-se-iam rendido em breve, como em 1871.

(N)- Até você perdeu uma geração. Digamos que toda a Europa perdeu uma geração. Em Verdun assistiu-se a um holocausto. Não vos sentis culpados pelo sucedido, vocês Alemães? Não têm nenhum remorso por esta imensa tragédia?

(G)- E porque razão haveríamos de ter? Choramos os nossos mortos e celebramo-los. Mas nós não temos nenhuma responsabilidade sobre o objectivo e a deflagração do conflito. Necessita que lhe recorde o ano de 1914?

(N)- Não, não o deve fazer. A guerra foi provocada por vocês, apoiando o expansionismo Austríaco nos Balcans, e posteriormente declarando guerra à França e à Rússia. Isto é indescutível.

(G)- Está a confundir ideias. Os nomes de Francesco Ferdinando e Gavrilo Princip não lhe dizem nada? Não lhe diz nada a mossa que os nossos inimigos nos criaram de oriente a ocidente? Não foi por acaso que reinventaram o Império Central.

(N)- Não foi necessário. Eu sei perfeitamente o que aconteceu. Mas isso não elimina o ostracismo a que aquela região dos vossos aliados não tenha sido a faísca que fez rebentar tudo. Além disso na crise marroquinas também vocês, já faz alguns anos, não tiveram mão leve provocando e semeando tensões.

(G)- Não, peço desculpa. Na crise marroquina só demonstrámos o apetite voraz dos nossos inimigos pelo mundo civilizado. Fome que não tolerava que qualquer outro pudesse remover o seu próprio prato debaixo da boca. Depois a faísca da guerra fizeram-na despoletar os Sérvios, resguardados pelo Czar, não certamente os austríacos que só exigiam justiça e nada mais. Direi até mais, Provámos até ao fim a necessidade de apagar esta faísca, enquanto Russos e Franceses atiravam gasolina para cima do incêndio. Franceses e Ingleses, não tiveram escrúpulos pela sorte do Czar, fazendo a Rússia continuar na guerra atirando-a para a desgraça.

(N)- É uma ideia muito forte, mas não creio que essa ideia possa fazer prova na História. Seguramente a eliminação dos Sérvios foi a abertura da estrada para os vossos interesses a Oriente.

(G)- Os Povos débeis estão destinados a desaparecer. Nós não somos e jamais o seremos. A História nos dará razão. Acredite no que lhe digo.

(N)- Agora vem com as teorias darwistas aplicadas aos Povos ... Mas a propósito do vosso principal aliado, Austria-Hungria. Foram arrasados faz agora uma semana, e o seu império está-se desfazendo em mil bocados. Como vê essa situação? E depois o seu comportamento militar, que fez frente a um ataque italiano no sul da Baviera?

(G)- Vamos por ordem. A Austria-Hungria não é um País, não é uma nação. São uma patética imagem de império. As populações são diversas, cheia de eslavos. Já deu conta disso? E depois, com um exército de opereta? Digamos que eles eram apenas os nossos rolamentos ou rodas, o destino deles estava talhado a serem absorvidos pelo Reich, era inevitável, e os alemães da Austria entrariam rapidamente para fazer parte da Alemanha. Somente nós alemães suportamos o peso da guerra, somente nós afrontámos o mundo inteiro!

(N)- E a outra questão?

(G)- Qual ?

(N)- Aquela sobre o possível ataque italiano à Baviera.

(G)- Devo responder-lhe verdadeiramente?

(N)- Beh, se não quiser …

(G)- Quanto aos italianos nem lhes dou qualquer importância. Só os austriacos poderiam ter alguma dificuldade com eles, com os Russos e com os Sérvios. Os italianos atraiçoaram-nos vergonhosamente em 1915. Demos-lhes uma memorável lição em Caporetto ajudando o nosso aliado, sem sequer dispensarmos tropas e recursos especiais. Devíamos eliminar em primeiro lugar os franceses, depois de resolvidas as questões a norte, seguia-se Milão ou Roma. Chegaríamos até à Sicília em menos de uma semana.

(N)- Os vossos outros aliados, os turcos, afirma-se que são culpados de gravíssimos crimes contra os Arménios, e sofreram derrotas ruinosas nos diversos teatros de guerra em que entraram, provocando grandes tensões naquela região.

(G)- As autoridades turcas sempre negaram esses factos. Nós alemães não tínhamos qualquer conhecimento desse facto e não temos qualquer responsabilidade sobre tal assunto. Nós não somos ‘bárbaros’. De qualquer modo esses “Asiáticos” nem sempre perderam. Quando seguiam as nossas indicações, deram-se sempre muito bem, como em Gallipoli.

(N)- Você usou a palavra ‘bárbaro’. O mesmo termo como os Franceses e os Ingleses vos definiram.

(G)- Propaganda porca a deles. Necessita que lhe recorde os níveis atingidos pelo meu País, nos campos cultural, científico, social, económico? Resultados tais que nem sequer Ingleses e Franceses se aproximam. Eles até recrutaram os japoneses para lutarem contra nós.

(N)- Quer dizer que segundo você só os Estados Unidos é que vos venceram?

(G)- São um País em ascensão, não tenhamos dúvidas. A força deles é explicável pelo facto de muitos dos seus concidadãos terem sangue germânico. Sabemos que tiveram um peso muito importante no conflito, uma vez tendo desembarcado na Europa. Por pouco não fizemos cair a França antes da entrada em campo dos americanos. Mas nem mesmo eles se vão conseguir manter num futuro próximo.

(N)- O que é que quer dizer com isso?

(G)- Não vai querer acreditar que nós aceitemos para sempre, assim estupidamente, uma tal vergonha como esta que nos atinge nesta hora. Isto foi apenas um revés.

(N)- Não, sinceramente não entendo. As suas palavras são crípticas. Já assinaram o Armistício, e digo-lhe que a Entente alcançará os tratados de paz. A França ficará com a Alsácia-Lorena, retirar-vos-emos as colónias e depois, quem sabe, mais alguma coisa. O que é que podem fazer então?

(G)- Eles não ousarão. Devem-nos respeitar assim como as nossas gloriosas e invictas Forças Armadas. De modo nenhum, nos dobrarão nem desmoralizarão. De facto e ao contrário, teremos mais motivação para o futuro, para que a Alemanha atinga a posição no Mundo a que tem direito.

(N)- Não me diga que me está a falar numa vingança? Uma nova guerra? Após poucas horas do fim de uma guerra que provocou milhões de mortos, massacres que nunca tínhamos visto, não acredita que será um momento para se falar em Paz? Uma paz definitiva? A criação de bases para um novo Mundo?

(G)- E qual seria esse novo Mundo? O de Lenine? Do bolchevismo?

(N)- Mas Lenine criaram-no vocês, já tínhamos falado nisso.

(G)- Necessidades de momento. Acabaremos do mesmo modo com ele e os seus “vermelhos” , assim que for necessário. Esses socialistas malucos. E nesse ponto não perderemos muito tempo com esses eslavos.

(N)- Ou seja, está-me a dizer que num futuro haverá uma nova guerra? Pelo que ouço de si, a paz é uma quimera para a Europa?

(G)- Não me entenda mal. Nós igualmente auspiciamos pela paz. Mas nós Alemães aceitamos só um tipo de paz: aquele que estabelecemos nós e mais ninguém. É o nosso destino. Implantaremos no mundo o respeito ao Estado, o respeito pela autoridade. A nossa ‘Kultura’ levará os povos a enveredar por uma nova era de prosperidade, na qual só os mais aptos e capazes poderão usufruir dos necessários recursos para viver. Este Armistício é só um reposicionamento tático. E acredite, mesmo com o desenrolar das negociações de paz, não nos impedirão de pensar em atingir os nossos objectivos. Nem agora, nem nunca.


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