A Vida é um acto criativo cujo objetivo é gerar beleza.
Mas a criatividade implica uma livre disposição para gerar as próprias faculdades. Portanto, toda a eliminação da liberdade envolve uma subtração proporcional de vida e da beleza.
É por isso que considero que a nossa sociedade, hoje mais do que nunca, assume formas mais tenebrosas e mortais.
Na verdade, um coro de enlutados geme sobre o corpo moribundo da Civilização Ocidental e lamenta sua morte.
Eu também poderia juntar-me às suas queixas, se uma dúvida não me impedisse de tal. Na verdade, embora admita com algumas reservas que uma civilização é comparável a um corpo biológico - portanto sujeito ao nascimento e à morte - temo que o Ocidente não esteja ainda absolutamente morto.
O diagnóstico de morte também parece justificado pela observação de numerosos processos degenerativos. O nosso Mundo tem a aparência de um organismo em dissolução, já invadido por larvas, microrganismos e parasitas.
Parece evocar o caos alucinado e formigante de alguns painéis da Bosch.
Os nossos valores tradicionais - éticos, estéticos ou religiosos - estão em avançado estado de rápida deterioção. A modernidade corroeu a estrutura do pensamento judaico e greco-romano que, consolidando-se com o cristianismo, foi a base da cultura e das artes ocidentais durante os séculos que nos antecederam.
Os sinais dessa decadência são inegáveis e estão a tornar-se mais evidentes a cada dia que passa. No entanto, a nossa sociedade ainda se move. Na verdade, parece incapaz de parar.
Há algo febril nesso facto. Há ainda que ter esperança e ai daqueles a quem for enviada a "Factura" final!
Pagarão com juros bem elevados!