O que dizem de nós e o que somos

"Povo Persa; sois ricos em cultura e talento. Tendes o direito de viver sob um regime que oiça os vossos desejos, respeite os vossos talentos e vos permita construir uma vida melhor."
(Bush, num discurso no Abu Dhabi onde procura apoio árabe para uma eventual intervenção no Irão).

“O Povo Português é uma criança. Nunca sabe quando há-de rir ou chorar.”
(Marquês de Pombal, após tomar conhecimento dos festejos populares em honra da prisão e condenação à morte dos Távoras).

Duas frases de dois homens completamente diferentes, em épocas tão diferentes.


(Estátua às Ciências Matemáticas no jardin Laleh em Tehran)

A primeira dita por Bush, seguramente sob orientação de um dos seus assessores ou secretários. Não o estou a ver com capacidade para que esta máxima lhe saia espontaneamente. Só com muito treino. E mesmo assim.....
Que os Iranianos são um povo de cultura, inteligente e talentoso, não tenho qualquer dúvida.
Conheço-os; ao povo e à sua terra. Tenho esse previlégio!
Que necessita urgentemente de mudar para um regime que respeite esses predicados e que lhes permita construir uma vida melhor com base no impressionante valor histórico e poderio tecnológico adquirido, disso também não tenho dúvida.
Mas não necessitam seguramente da “ajuda Bush” nem do seu “we use the force“ para nada.
A solução está lá dentro e é em casa que se resolvem as contendas familiares.

Segundo o que sei, tudo se parece encaminhar para esse ponto. Questão de tempo, nada mais!
Não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe.
As “ajudas” do benfeitor Bush são tão más que só servem para demonstrar o que não se deve fazer. É só verificar os exemplos bem presentes!


(Estátua do Marquês de Pombal em Lisboa)

Vamos ao segundo; Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal.
Sempre me impressionou este homem e sempre o vi como o que de melhor nasceu no Portugal de todos os tempos. Uma figura muito para além do Vulgaris de Lineu, tanto Lusitano como Europeu.
Céus. Como é possível, alguém ter vivido no Século XVIII, ser presentemente tão necessário e estar tão actualizado neste confuso início de Século XXI?
Certo que representou uma corrente filosófica algo violenta; o Despotismo Iluminado. Mas quanta evolução tecnológica e cultural não trespassou Portugal durante os anos em que foi Secretário de Estado do Reino de D. José I.

Ao invés, quanta melancolia, atraso e tristeza se lhe seguiu após a morte do Rei D. José e sua exoneração às mãos da Rainha D. Maria I, a beata, a louca.

Confrontemos agora, como conclusão, as frases de cada um deles sem se pensar na diferença temporal existente;

• Por um lado alguém que de fora, pretende utilizar as riquezas do Irão (petróleo), mas reconhece-lhes, obviamente com segundas intenções, valor em cultura e em talento, mau grado sabermos que entre este reconhecimento e o dar ordens para lançamentos de mísseis sobre cidades iranianas vai uma distância muito curta.

• Por outro uma frase de alguém que conhecendo bem demais os sentimentos do seu Povo porfiou no Século XVIII para que o Portugal atingisse rapidamente patamares de desenvolvimento próximos dos países do Norte da Europa.
Dois séculos após essa fase de Iluminismo na nossa História, continuamos a ver os navios passar no horizonte, sem procurar cortar uma árvore para fazer um barco ou aprender a nadar, sempre à espera que alguém de longe nos venha buscar ou nos mande um cabo para nos rebocar.

Realmente não são os governos que fazem os países; mas em democracia são os POVOS que elegem esses governos. E quantas vezes mal! Mas são eles e mais ninguem!

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